sábado, 28 de dezembro de 2013

Ler, aprender, transformar...


"A sala de aula passa a ser apenas um entre muitos outros locais, na escola e fora dela, onde as experiências de aprendizagem têm lugar, [...] A relativização do conhecimento científico introduz a incerteza no campo da educação e sublinha o valor da pesquisa individual e do desenvolvimento das capacidades de manuseamento da informação. Aprender é cada vez mais menos memorizar e cada vez mais preparar-se para os saber encontrar, avaliar e utilizar. A capacidade de actualização passa a ser uma ferramenta essencial ao indivíduo."

 Desde há duas décadas que uma difusão em grande ritmo de ferramentas tecnológicas colocou à disposição das pessoas um acesso à informação de um modo contínuo, alargado e multifuncional. É uma evidência a de que novos suportes digitais nos trouxeram formas diferenciadas de socialização, de apreensão do mundo, de transformação da linguagem e da sua utilização. Este enquadramento tecnológico que fundamenta uma nova forma de construção social permite organizar múltiplas formas de expressão, vincando as diferentes formas como a inteligência humana se manifesta.

Há muito que sabemos que é essencial ter um sistema educativo capaz de dar identidade cultural e ferramentas de transformação económica, pela capacidade de dar expressão oa que cada um traz consigo e que aprende em contacto com os outros e com o mundo. A criatividade é esse elemento que pode fazer dar às pessoas uma oportunidade de satisfação, mas também de suporte para novas soluções.

É assim estranho que lhe demos tão pouco crédito. Vivemos fechados sobre uma enciclopédia de certezas, interiorizando pouco a HIstória, a memória que nos diz que é fora da norma, na proposição de questões que se encontram as respostas possíveis. O digital vem requacionar as possibilidades e as oportunidades que a aprendizagem poderá ter. O digital poderá ser essa devolução à escola como instituição, aos alunos, como aprendizes a oportunidade de aprender em contacto muito mais directo com umam realidade social e cultural. 

Calixto, J. A. (1996). A Biblioteca Escolar e a sociedade de informação. Lisboa: Caminho.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

ICT e aprendizagem


“Our ability to learn what we need for tomorrow is more important than what we know today. A real challenge for any learning theory is to actuate known knowledge at the point of application. When knowledge, however, is needed, but not known, the ability plug into sources to meet the requirements becomes a vital skill. As knowledge continues to grow and evolve, access to what is needed is more important than what the leaner currently possesses.” 

As transformações tecnológicas são um dos elementos que impulsionam as sociedades para mudanças sociais e económicas e ajudam a reconstruir representações culturais de uma comunidade. Vemos como na História novas capacidades técnicas reformularam novas possibilidades, destruíram conjuntos sociais seculares e construíram mundos novos. Vivemos sobre uma onda tecnológica, reconhecemo-la nos momentos diários de contacto com ela, mas de certa maneira ainda não interiorizamos as profundas transformações que daí decorrem.


É estranho que a escola, organização social de preparação para o desempenho profissional, não consiga integrar as experiências dos alunos, pois isso contaria toda a ideia de como se faz aprendizagem. É anacrónico pretender preparar para uma sociedade, sem um domínio pleno de ferramentas que os alunos terão de usar e de conhecer e de não dar uma integração global de responsabilização cívica para uma intervenção que conjugue o pensamento com a acção.


Das muitas variantes que integram o digital na aprendizagem de conteúdos disciplinares, parece-me que um que deve ser destacado é a motivação.  Ela é essencial para procurar fazer um trabalho rigoroso, competente e instrumental. Como a aborda a escola? Tem a escola consideração pelo conhecimento universal, ou prefere a ubiquidade momentânea? Os valores, a cidadania, o respeito pela palavra, são elementos da arquitectura da escola? Há alguma construção minimamente garantida dos projectos que se pensam, há respeito pelo valor institucional do saber? 

Muitas dificuldades. A democracia, base de uma escola colaborativa depende da palavra, do seu significado, do valor das ideias. A literacia é essencial para a participação no mundo, mas não é menos a possibilidade criativa de cada um. É a criatividade que nos dá a dimensão do que somos, humanos. Quando apenas estamos preparados para apresentar as respostas às perguntas já conhecidas, é um pouco da nossa respiração como pessoas que se perde. E se a educação não procura esse valor de aprimoramento, essa capacidade do pensamento para agir, as viagens ao interior das coisas, à sua compreensão são no essencial esforços perdidos.
Siemens, G. (2004). Conectivismo: a Teoria de Aprendizagem para a idade digital.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Literacias de Informação

"Literacy is much more Than an education priority - it is the ultimate investment in the future and the first step towards all the new forms of literacy required in the twenty-first century. We wish to see a century where every child is able to read and to use this skill to gain autonomy." (1)

Literacia, palavra densa para uma realidade que importa trazer para o primeiro plano, pois ela compõe as diversas possibilidades que cada indivíduo pode acrescentar como parte de uma comunidade e permite que cada sociedade possa ser mais ou menos desenvolvida, mais ou menos esclarecida, pela criatividade que cada um pode testemunhar como parte do que aprendeu. 

Literacia é assim uma componente de expressão e participação social, uma forma de construir cidadania em diferentes modos. Não é exagerado que num mundo global ela seja considerada um direito humano, porque é uma ferramenta de transformação. O seu alcance numa transformação social deveria preocuparmo-nos quando sabemos que temos um sistema educativo que gere com dificuldades os múltiplos itens desta temática. 

Literacia é um dos mecanismos para reduzirmos as nossas incapacidades como sociedade, para podermos estarmos despertos para as oportunidades que nos poderão surgir, para nos motivarmos por construir caminhos alternativos. Sendo a sociedade humana muitas vezes emersa em práticas abaixo do que é natural na condição humana, são as capacidades individuais a garantir uma cidadania clara. 

A Literacia desenvolveu-se, e não se restringe ao ler e contar, como alguns ambicionam, numa ideia de eterno retorno a um passado de fantasmas, mas significa estar envolvido com o desenvolvimento social e humano e com as capacidades de aprendizagem contínua. A curiosidade como forma de ser e a imaginação como ideia de representação da informação precisa de ser alimentada. É pois uma temática essencial, para os alunos e para a escola como organização social.

(1)- Irina Bokova, Director Geral da Unesco, International Literacy Day 2013 
Imagem: Quino, Mafalda, Via http://wordsofleisure.com/2012/02/03/tirinhas-mafalda-e-a-democracia/

sábado, 7 de dezembro de 2013

Educação e Criatividade


É sempre reconfortante olhar o real, o quotidiano e a sociedade com um sorriso. Ken Robinson dispensa apresentações. É uma das pessoas que vale a pena descobrir (existe em Portugal um livro por ele publicado, O Elemento, Porto Editora) pois remete-nos para as respostas usadas em que insistimos e abre-nos com humor muitas portas. As da criatividade que é preciso explorar, o de reconhecer que novas dinâmicas exigem novas respostas e o cuidado que se devem dar aos sonhos, os das crianças e os dos estudantes que se integram num mundo desconhecido e ao qual pretendem deixar um olhar e uma contribuição

As ITC na Educação



A Unesco lançou há uma no sensivelmente numa das suas páginas oficiais um conjunto de informação que nos remete para a utilização das ITC na educação. A ideia aquando da sua apresentação e que ainda está visível solicita a participação de diferentes instituições para a operacionalização de uma ideia que é a de partilhar recursos para a construção de uma comunidade humana mais bem preparada pelo conhecimento para enfrentar as dificuldades do mundo actual, neste novo século.

Embora muitas vezes sintamos que frases, construções de ideias generosas como as de Gandhi ou Mandela, de que é a educação a melhor, mais eficaz e estruturada forma de mudar uma sociedade, não são levadas a sério pelas práticas governativas, todos sabemos que elas são justamente verdadeiras. O projecto da Unesco aqui em referência assenta em princípios como "A equidade, o acesso universal, aprendizagem e educação de qualidade, formação de professores e gestão da educação", ela procura propor ideias, formular estratégias e projectos na educação, através da organização e distribuição de kits pedagógicos, onde recursos vários realizem uma aprendizagem de significado para milhões de crianças.

O projecto da Unesco integra as redes sociais do Facebook e Twitter, de modo a dar mais visibilidade ao projecto que se pretende que de dinamização e valorização do conhecimento, para conceder oportunidades a novas pessoas, a todos os jovens que em diversos continentes procuram com dificuldade aprender, para poderem participar. Porque e nem sempre o percebemos a falha na aprendizagem ou a sua ausência, é uma perda para toda a sociedade pela ausência de participação, de individualidade que cada um poderia fazer, no enriquecimento de todos.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Começar...

Aprender no digital, construir possibilidades com as ferramentas digitais é o URL de um blogue, pensado para reflectir sobre os modos, as formas, as capacidades de expressão individual que as ITC nos permitem desenvolver em ambiente educativo. O nome do blogue, Aprender no digital procura destacar essa ideia aqui em análise, sobre como aprendemos usando o digital. No layout de descrição do blogue coloquei a designação concreta da disciplina, justamente O Currículo e as Tecnologias Digitais. 

Temática central na sociedade da informação é justamente o que aqui se procurará apresentar, isto é de que modo o digital em todas as suas possibilidades pode reconstruir novas formas de aprendizagem. São as tecnologias de informação apenas um meio, podem ser uma ferramenta, como se ligam com a identidade cultural, com a leitura, com a socialização diferenciada a que assistimos?


Acredito que estas novas formas são meios para construir conhecimento pessoal, difundir possibilidades de comunicação. São no mínimo formas novas de exprimir criatividade. Podem nos ajudar a conciliar os aspectos simbólicos da aprendizagem com as novas formas de um mundo em aproximação que muitas vezes não aceita a individualização. As ferramentas são formas novas de levar as ideias, os sonhos e a imaginação a novas fronteiras. Depende de nós e não delas que possam exercer essa possibilidade.